Texto-Som [Processos Vocais, Poesia Sonora]

Secção 16 >

ARQUIVO É ANARQUIVO! [FortunAly]


Interlúdio

António Aragão (autor do poema sonoro Povo/Ovo, de que não parece haver registo): “a poesia começa onde o ar acaba. é qualquer coisa para depois da própria respiração. como o respirar é muito uma maneira nossa e (pre)vista da condição humana a que somos condenados, a poesia surge a partir desta condenação. mais justo ainda, a partir de toda a condenação. deste modo, só nos resta a queda no irremediável: a vertigem sem apelo, o jogo sem olhos, a ausência impecável de nós. daí o repúdio do lirismo e duma semântica convencionada à escala dos pessoaos (des)gostos mais ou menos audíveis. daí a ambiguidade cómico-dramática em que nos assistimos. nenhuma ordenação é possível. nenhum suspiro pode já (co)mover. em vez de celebrar normas e preceitos que actuam na mediocridade da sujeição, procuramos, mais exactamente, descobrir o belíssimo caos de nós próprios. antes o indefinido do que ser reduzido ao absoluto infrutescente da indefinição. antes o encontro com o desordenado, num conflito sem génese nem juízo final, para atingir o risco de estarmos livres mesmo no discurso do desentendimento. um poema deve ser usado como um instrumento feiticista e consome-se em si numa espécie de ludus encantatório. por isso se dão nomes à matéria: inventa-se e destrói-se para que ela viva a sua tremenda metamorfose, a poesia deve ser tomada por todos os sentidos: quando verbal não deixará também de ser contra o verbo. queremos uma poesia que não explique conteúdos mas forneça estados: donde uma linguagem negra, ausência de estilo e o ataque à fraude da limitação: poesia-contra, poesia-recusa-que-acusa, poesia contra o instituído, o legal, o ordenado e convencional. poesia da liberdade por estarmos demasiadamente perdidos no cúmulo da condenação.”

Poesia sonora interactiva (2005), E. M. de Melo Castro, em parceria com Joaquim Pedro Jacobetty: “Na “terra-de-ninguém” entre a poesia escrita e a música, a poesia sonora faz a recuperação da oralidade total. Nesta exposição apresenta-se pela primeira vez a poesia sonora interactiva: o visitante, através do movimento do corpo ou de dois teclados, poderá controlar e ouvir combinações de fonemas ou palavras num espaço acústico múltiplo que se espera produza ainda mais possibilidades de encadeamentos.”


Esta sessão sobre processos sonoros e poesia sonora apresenta dezoito (18) secções distintas, com autonomia, não devendo por isso seguir a ordem aqui estabelecida, mas antes seguir uma sequência aleatória, gerada pelo FortunAly, programado pelo Nuno F. Ferreira para a Retroescavadora. Gere a sua própria sequência aqui: https://po-ex.net/anarquivo/textosom/. As 18 Secções (cada letra de ” A-R-Q-U-I-V-O-É-A-N-A-R-Q-U-I-V-O-! “) têm a mesma estrutura: Som-Texto (Poema sonoro); Texto-Som (Leitura); Genealogia/derivação (História); Processo/manipulação (Kyma).

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