Texto-Som [Processos Vocais, Poesia Sonora]

Secção 14 >

ARQUIVO É ANARQUIVO! [FortunAly]


Som-Texto (Poema sonoro) >

Itinerário do Sal [Op-ErA, Miso Ensemble] | Miso Records 2008, Miguel Azguime – performer, composição, concepção e textos; Paula Azguime – desenho de som e electrónica em tempo real, concepção, vídeo e encenação; Andre Bartetzki e Perseu Mandillo. Concebida entre 2003 e 2006, prémio Music Theatre Now Competition na categoria Other Forms Beyond Opera atribuído pelo International Theatre Institute. Centro de Cultural de Belém 21 e 22 de Outubro de 2006, Miso Music Portugal – Festival Música Viva 2006.

Das ‘liner-notes’ do DVD: “Itinerário do Sal é a concretização de um trabalho de criação sobre a escrita: sobre a escrita musical, sobre a escrita poética, sobre a escrita gestual do músico/actor e da sua própria imagem, onde a voz é o prolongamento do corpo e do pensamento do poeta. Eis, portanto, a simbiose entre a essência da palavra e a evolução do Ser, apresentada na forma de uma nova dramaturgia designada por Ópera Electroacústica. No palco, o compositor e o poeta, juntos, num só, conduz-nos através do seu mundo interior, do seu itinerário pessoal a que chama de Sal – o mesmo Sal que representa a sua resistência, a sua vontade, a sua essência e a sua multiplicidade. O Sal (substância fundamental) que nos surge também como manifestação de conhecimento e de sabor; o itinerário que é decerto o do criador, mas que é também e simultaneamente a imagem e à imagem de tantos outros itinerários, caminhos, trocas, inspirações, demandas…”

Miguel Azguime, Itinerário do Sal / Epílogo do Sal

Miguel Azguime:

“Sobre voar de vez de ver de voz
Ocultar o silêncio no espelho do sal
Que sol nos traz o sal
Que sal nos traz o som
Que som nos deixa a sul
Que sul pelo eixo do rumo
SOLta
SALta
SOMa
SULca
tataaca…
taacata…
tatacaa…
cataata…
Em sal de si de se de lho
De cio lento de som de ção
Culto de voz de ver de vir
De ços de pá de se de sias
De traves pasmas de luz a sul”


Texto-Som (Leitura) >

Leonor verdura: interpretação cénica de obras da poesia experimental portuguesa | Actores: Bruno Vilão e Íris Santos | Encenação: M. Almeida e Sousa | Produção: Mandrágora – Centro de Cultura e Pesquisa de Arte | Imagem (vídeo): Bruno Corte Real | Som: Ricardo Mestre

Mandrágora

Ver & papa – Abílio-José Santos [start: 13:30]

Telegramando – António Aragão [start: 14:07]

O menino ivo – Salette Tavares [start: 16:21]

Velegrama – Álvaro Neto (Liberto Cruz) [start: 20:59]


Genealogia/derivação (História) >

Paulo Autran, “Ode Triunfal” (Álvaro de Campos/Fernando Pessoa) [Ligação externa / External link]:

“Mas, ah outra vez a raiva mecânica constante!
Outra vez a obsessão movimentada dos ônibus.
E outra vez a fúria de estar indo ao mesmo tempo dentro de todos os comboios
De todas as partes do mundo,
De estar dizendo adeus de bordo de todos os navios,
Que a estas horas estão levantando ferro ou afastando-se das docas.
Ó ferro, ó aço, ó alumínio, ó chapas de ferro ondulado!
Ó cais, ó portos, ó comboios, ó guindastes, ó rebocadores!

Eh-lá grandes desastres de comboios!
Eh-lá desabamentos de galerias de minas!
Eh-lá naufrágios deliciosos dos grandes transatlânticos!
Eh-lá-hô revoluções aqui, ali, acolá,
Alterações de constituições, guerras, tratados, invasões,
Ruído, injustiças, violências, e talvez para breve o fim,
A grande invasão dos bárbaros amarelos pela Europa,
E outro Sol no novo Horizonte!

Que importa tudo isto, mas que importa tudo isto
Ao fúlgido e rubro ruído contemporâneo,
Ao ruído cruel e delicioso da civilização de hoje?
Tudo isso apaga tudo, salvo o Momento,
O Momento de tronco nu e quente como um fogueiro,
O Momento estridentemente ruidoso e mecânico,
O Momento dinâmico passagem de todas as bacantes
Do ferro e do bronze e da bebedeira dos metais.

Eia comboios, eia pontes, eia hotéis à hora do jantar,
Eia aparelhos de todas as espécies, férreos, brutos, mínimos,
Instrumentos de precisão, aparelhos de triturar, de cavar,
Engenhos, brocas, máquinas rotativas!

Eia! eia! eia!
Eia electricidade, nervos doentes da Matéria!
Eia telegrafia-sem-fios, simpatia metálica do Inconsciente!
Eia túneis, eia canais, Panamá, Kiel, Suez!
Eia todo o passado dentro do presente!
Eia todo o futuro já dentro de nós! eia!
Eia! eia! eia!
Frutos de ferro e útil da árvore-fábrica cosmopolita!
Eia! eia! eia! eia-hô-ô-ô!
Nem sei que existo para dentro. Giro, rodeio, engenho-me.
Engatam-me em todos os comboios.
Içam-me em todos os cais.
Giro dentro das hélices de todos os navios.
Eia! eia-hô! eia!
Eia! sou o calor mecânico e a electricidade!

Eia! e os rails e as casas de máquinas e a Europa!
Eia e hurrah por mim-tudo e tudo, máquinas a trabalhar, eia!

Galgar com tudo por cima de tudo! Hup-lá!

Hup-lá, hup-lá, hup-lá-hô, hup-lá!
Hé-la! He-hô! Ho-o-o-o-o!
Z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z!

Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!”


Processo/manipulaçao (Kyma) >

Luís Aly


Esta sessão sobre processos sonoros e poesia sonora apresenta dezoito (18) secções distintas, com autonomia, não devendo por isso seguir a ordem aqui estabelecida, mas antes seguir uma sequência aleatória, gerada pelo FortunAly, programado pelo Nuno F. Ferreira para a Retroescavadora. Gere a sua própria sequência aqui: https://po-ex.net/anarquivo/textosom/. As 18 Secções (cada letra de ” A-R-Q-U-I-V-O-É-A-N-A-R-Q-U-I-V-O-! “) têm a mesma estrutura: Som-Texto (Poema sonoro); Texto-Som (Leitura); Genealogia/derivação (História); Processo/manipulação (Kyma).

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