Obgestos / Line Up Action

Texto de António Barros para a exposição Obgestos / Line Up Action, Casa das Caldeiras, Universidade de Coimbra. [Texto. Ligação]


O  B  G  E  S  T O  S

[Sinais de presença de António Barros nas Artes Performativas]


Constelação de objectos de memória, parte integrante de diferentes artitudes; formulações cénicas para residência performativa; referentes das artes do comportamento e gestos operáticos desenvolvidos num arco temporal de cerca de trinta anos, entre 1979 e 2010, numa ‘arte de situação’ afirmada individualmente, ou em programas com dinâmica grupal, então direccionados pelo autor.

Enunciam as peças em mostra um zêlo pela condição museológica adquirida pelos adereçantes ‘objetos transitivos’, testemunhos colhidos no tempo real das acções vivenciadas.

Afirmam os ‘referentes’, então, uma análise dirigida aos elementos eleitos, objetos que assim resultam simbólicos dos múltiplos gestos experienciados nos cerimoniais. Aqueles que na equação das ‘performing arts’ se emanciparam em ‘objetos/gestos’ de condição identitária de obra. Tudo contributivo para o estudo de um percurso de afirmação comunicacional de razão autoral.

A volumetria dos elementos, portados em diferentes escalas e características mórficas, convoca para a mostra um layout desenhado com o rigor e a depuração que a obra nas suas diferentes temporalidades estima.

Toda a apresentação desta protésica é trabalhada com os objetos definidos numa vontade identitária do presente/ausente; do positivo/negativo; paleta do branco versus negro.

As peças em coleção resultam, na mostra aqui sinalizada, aplicadas sobre um suporte neutro: depurado branco.

O formato da estrutura cénica procura uma dimensão adequada para um trasnsversal alinhamento das peças: um suporte com cerca de 800 x 250 cm de espaço úitil para edição das obras.

Nesta constelação de objetos (12), encontramos uma sinóptica unidade museológica, breve antologia de peças de referência como: “Silêncio”,1979, apresentada na Semana de Arte Contemporânea de Malpartida, em Cáceres, Espanha, assim como “Retrato de Ana Hatherly e os poetas experimentais portugueses ao fundo, ou de Portugal, um país que nunca ex(ins)istiu”, 1999, Museu Serralves, Museu de Arte Contemporânea do Porto.

Um lugar de eleição para a mostra pede depuração e uma pretensa neutralidade do suporte. Espaço ainda de isenção e sobriedade.

É bom exemplo de galeria com esta dignidade, e sintonizadora de ambiente de excelência para fazer evocar a obra em causa, a que inscreve a “Casa das Caldeiras” (Velha Sala do Carvão), e que agora se apresenta requalificada, projeto assinado pelo Arquiteto João Mendes Ribeiro.


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Autor: António Barros

Comissariado: Sofia Frank

Fotografia: João Armando Ribeiro

Carpintaria Cénica: Laurindo Fonseca


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