Texto de João Filipe Pestana sobre «UKRAYINA2400H _Uma esgrita de gueERRA» de António Barros. [Texto]
In: Diário de Notícias, Funchal, 13 julho 2022, Funchal | Artes Plásticas
Com 10 peças geradas, 7 em evocação à actual situação na Ucrânia, o madeirense António Barros, a viver no continente, surge como artista convidado da EV|EX _Évora Experimental 2022 _3’ Edição, iniciativa com o tema Compaixão. E surge a presença em três territorialidades: no GMPS_Global Multimédia Poetry Stands; no livro de poesia experimental: “Em questão a invenção”, e na exposição: “Compaixão – Escritas Poligráficas”.
Neste contexto temporal, António Barros (d)enuncia uma Arte da Acção gerada em múltiplos suportes de comunicação, aqui num total de 20 peças distribuídas por diferentes territórios de intervenção: das revistas ‘Animalia, Vegetalia, Mineralia’ e ‘Triplov de Artes, Religiões e Ciências’, em Lisboa, à EV|EX, em Évora, cidade finalista candidata a Capital Europeia da Cultura, em 2027.
É a presença em EV|EX logo seguida de uma outra artitude_ progesto na 22’ Bienal Internacional de Arte de Cerveira, em: “Artistas Premiados da Bienal”. Tem esta edição o tema: We Must Take Action, manifesto solidário com a Defesa do Ambiente|Humanidade, e logo temos ao fundo a sociedade ucraniana violentada nas portas da Europa. Um retrato dos tempos. Do agora ágora. Se “(C)SERIA” [enlouque(c)seria] (d)enuncia que os peixes reféns no aquário enlouquecem, o manifesto não menos se insinua perante a guERRA. Desafia à solidariedade com a Ucrânia levando a que de modo simbólico no Largo da Portagem, em Coimbra, para proteger o património cultural, seja revestida de sacos de areia a estátua de Joaquim António de Aguiar, como procedem os ucranianos nas suas cidades. Um progesto. Um gesto educativo. Solidariedade.
O autor com as suas artitudes – convulsivos desígnios de uma Arte da Acção – surge com uma actividade constante e consequente aqui presente com participações múltiplas. E para além das referidas em Évora e Cerveira, apresenta-se em mostra com a Coleção do MuseuSerralves, em Viseu na Quinta da Cruz – Centro de Arte Contemporânea, em: “Palavras em Liberdade”, numa homenagem a E. M. de Melo e Castro, até 7 de agosto, e em: “O Regresso do Objecto – Arte dos anos 1980 na coleção de Serralves”, no Centro de Cultura Contemporânea, em Castelo Branco, a partir de 27 de junho.
Destaque particular ainda para a apresentação internacional da obra distintiva de AB, “Escravos”, na exposição: “Les Péninsules Démarrées”, Frac Nouvelle-Aquitaine Méca, de 16 de setembro de 2022 a 26 de fevereiro de 2023, em Bordeaux. Em Paris, presença como artista da Diagonale Espace Critique – Un Combat Culturel, a partir de 7 de julho. No MVM_ Museo Vostell de Malpartida, em Espanha, sedimentação da representação internacional com conjugada elegia a António Aragão, em: “Palavra Lava”, no Lavadero, Malpartida de Cáceres.
Neste momento, e em preparação em Coimbra para a Fundação Bissaya Barreto e Fundacion La Caixa, a exposição: “Desastres de Guerra”. É esta artitude dedicada às crianças inocentes vítimas da guERRA. As vítimas ucranianas – as do mundo vítima. Revela a artitude o sentido solidário encontrado quando se observa mulheres polacas colocando carrinhos de bébé na Estação de Comboios, para ajudar as mães ucranianas a levar os bébés. Uma “escultura social”, diria Joseph Beuys. Gesto que aqui se renova e resulta Arte.
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