Sudoeste. Razões do corpo_a fuga de si

Texto de António Barros sobre a sua obra [obgesto] ‘Sudoeste’, Coimbra 2012 [Um ensaio sobre portugalidade. Identidade em desnorte]. [Texto. Ligação]


É este um desígnio para a consciência da maldade humana e como o urgente resgate da componente de Si procura fazer um ‘transfer’ (potencialmente terapeutizador) da agonia da consciência do Ser.

É nesta nevralgia da consciência da vacuidade de Si, enquanto ser consciente e ‘inclusivo’ numa sociedade do Mal, que a Arte, refugiada numa procura da ‘poiesis’ como respiração vital, e pretensamente consequente, surge como uma busca procurante e insígnia de Si. Tudo para além da linearidade vocacional da Identidade que nada mais é que Persona. A máscara. Proliferante.

A fuga de Si é uma condição vital precariamente enunciada na moldura da resiliência. E a resiliência não mais é do que um apelo de Si. Portanto o fazer-se dizer em Palavras, ou no vazio da Palavra como uma Palavra de Si, é Persona. Mas a Palavra, e a Ausência que a Palavra contém, resulta refém da Causa Vital e, nessa atmosfera, é condição afogadamente redutora. A Palavra Dita é um motor aquém e insuficiente. É a Fuga de Si. Aqui o apelo ao Silêncio. À vitalidade do Silêncio. O Silêncio como razão Sublime e vergonha do Sagrado de Si. O Sagrado de Si é um limiar. Território e Razão fronteira da Causa de Existir e do Sentido.

A consciência da necessidade do Sagrado como Vergonha de Si, onde a Palavra se faz enunciar em apelo e Redenção, anula e reduz a Palavra a uma moldura de mudez. Ao vazio, e à ausência de cor que se plasma na negritude do objecto. É nessa escuridão que a Fuga de Si se faz no fazer buscar como razão de existência. Condição. De Sentido.

Esta vizinhança da Morte, obriga matar a Palavra como falsa harmonia do Dizer. E, nesta emancipação, há apenas um caminho de fuga nessa territorialidade do Lugar. Do Tempo. Do Espaço. A Sagrada Contemplação da muralha de Negro vestida é Cerimonial. Uma abertura para o devir de um prenúncio de Luz. A Luz ausente. Iluminante da fuga de Si. Esse caminho táctil. Mórfico. Motor. Escultural. Esse Caminho tem um cheiro afogante. Queimado. A “colher o fogo”. Fogo vivo adormecendo Matéria de Si. Negro. Bem Negro. Maldade humana. Maldade de Si. Fuga. Emancipação e Sol_tura. Uma vítrea busca de Sol. De Sol vigor. Para além_norte. De um Norte de Si. Sibila em Si.


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