Trilogia – Momento 3

Texto de António Barros sobre ‘Florigen’, escultura, objecto-livro. Com excertos de entrevista concedida à jornalista Elsa de Sousa. [Texto. Ligações]


O objecto-texto Florigen é parte integrante da trilogia “Alma_Frame_Florigen”, formulação poética inscrita na iniciativa bienal: “What is Watt?“, realizada entre 2001 e 2005, Museu de Arte Contemporânea, Funchal.

Esta trilogia, numa narrativa pretensamente enunciatória do ‘jogo trovador’, cumpre um percurso exploratório em busca da luz conquistada/conquistável.
A luz é, aqui, o componente da “afirmação” do objecto – o objecto como elemento da escrita [Alma], o objecto na sua transmutação visual proporcionada pela luz [Frame], e o objecto que se questiona [Florigen]. A cumplicidade da luz com a electricidade assume-se na constelação “Alma_Frame_Florigen”, elegendo o enquadramento no evento “What is Watt?” de modo pluridisciplinar. Da objectividade à conceptualidade implícitas.

A escultura [em modo objecto-livro] “Florigen, 2005”, elege o florescimento das plantas como pólo de reflexão sobre a conjugação: electricidade_energia_luz, e o seu caminho recíproco: luz_energia_electricidade.

Florigen é um conceito criado em 1937 pelo cientista russo Mikhail Chailakhian, referindo o gene que comanda a floração das plantas. Até hoje o célebre florigen nunca tinha sido descoberto, mas este cientista consegiu determinar que um sinal para a floração era passível de ser transmitido. Uma planta a florir, enxertada noutra em estado vegetativo, induzia o aparecimento de flores nesta segunda. Este fascinante florigen foi o leitmotiv da peça “Florigen, 2005”, e também o desígnio de uma dimensão simbólica. Pois ninguém fica indiferente a este implícito jogo de conjugação necessário para o florescimento, e como isso tem [pode ter] paralelo com a vida amorosa entre nós. E, a certeza ainda, de como seria gratificante encontrar um florigen para fazer-nos ‘florir’ também a todo o momento (…)


[Texto: momentos de uma entrevista concedida por António Barros à jornalista Elsa de Sousa, em: ‘Entrevista da Semana’ – “António Barros – Trinta anos de obras de dimensão romântica” [Jornal Campeão das províncias, Coimbra, 20 de outubro de 2005]


Florigen, 2005 – Escultura, objecto-livro – Casa em ferro lacado; orquídeas em poliéster revestidas a tinta acrílica, dois ramos, e texto [“Há sim uma íntima relação entre as flores e os condenados”, Jean Genet]. O desenho da luz obriga a existência de iluminação a partir de uma fonte externa. | C:100 cm x L:21cm x H:70 cm. [Museu de Arte Contemporânea do Funchal, Fortaleza de São Tiago, 2005 | Fórum da Maia, 2006 | Casa da Escrita, “Nas Escritas PO.EX”, Coimbra, 2012].


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