Poesia Experimental Portuguesa, Coleção da Fundação de Serralves [António Barros]

Texto de João Fernandes sobre as obras de António Barros na Coleção da Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea. [Texto. Imagens]


In > Artistas Portugueses na Coleção da Fundação de Serralves


A relação entre arte e linguagem tem sido, ao longo do século XX, um dos mais profícuos contextos para a superação dos limites a que uma história dos géneros artísticos parecia ter confinado a arte ocidental. Se, por um lado, muitos poetas espacializaram os seus textos, explorando as possibilidades gráficas que a escrita lhes proporcionava, por outro, inúmeros artistas visuais partiram da palavra e do texto para a abolição das fronteiras que isolavam a arte da experiência da vida quotidiana e acondicionavam uma discussão e um conhecimento sem limites da natureza do processo artístico.

Referenciada como concreta, visual e espacial noutros lugares, esta poesia vai em Portugal autonomear-se como experimental, manifestando assim uma relação com a análise científica do texto e da linguagem, assim como a manifestação do desejo de uma liberdade de experimentação que em Portugal se encontrava condicionada pelas regras de censura e da repressão política. Nos seus eventos, exposições, objetos e edições, os poetas experimentais surgem em Portugal como precursores das linguagens conceptuais e da arte processual, usando materiais pobres redefinindo o objeto de arte e insistindo na revelação do próprio fazer inerente à criação artística.

“Poesia Experimental Portuguesa”, na coleção da Fundação de Serralves, reúne e apresenta obras e edições paradigmáticas, desta intervenção experimental, realizadas entre a década de 60 e a década de 80, abrangendo assim um período compreendido entre 1964, data da edição do primeiro número dos “Cadernos de Poesia Experimental”, e 1984, data da recolha  dos materiais presentes em “Poemografias”, o último livro e exposição que reúnem nomes históricos do experimentalismo com alguns dos seus mais recentes continuadores.

São apresentadas nesta [coleção] obras de Ana Hatherly, António Aragão, António Barros, Ernesto de Melo e Castro, Fernando Aguiar, Salette Tavares, os nomes mais representativos do Experimentalismo português ao longo deste período.


Comissário: João Fernandes

Obras de António Barros na Coleção da Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea

  • “TrAdição/Traição”, 1979, N.Inv.FF0067
  • “Razão”, 1979, N.Inv.FF0068
  • “Escravos”, 1977, N.Inv.FF0069
  • “Revolução”, 1977, N.Inv.FF0070
  • “Ismos”, 1977, N.Inv.FF0071
  • “PreSente/AuSente”, 1979, N.Inv.FF0072
  • “Formar/deformar”, 1977, N.Inv.FF0073
  • “aMorte”, 1978, N.Inv.FF074
  • “VerDade”, 1977, N.Inv.FF0075
  • “Autista”, 1985, N.Inv.FF0076
  • “Valor”, 1977, N.Inv.FF0078
  • “Génesis”, 1977, N. nv.FF0105
  • “Contradição”, 1978, N.Inv.FF0106
  • “Energia”, 1976, N.Inv.FF0107
  • “Arte Sociológica”, 1982, N.Inv.FF0108

António Barros é um dos nomes relevantes do contexto da poesia experimental e das artes performativas em Portugal. Tendo estudado medicina e artes visuais, organiza nas décadas de 70 e de 80 várias exposições e encontros no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra. Participa em 1980 na exposição “Po-Ex”, na então existente Galeria Nacional de Arte Moderna e, em 1984, participa na publicação de ‘Poemografias: Perspectivas da Poesia Visual Portuguesa’, que originará a exposição com o mesmo nome na 1a Bienal de Poesia Visual, no México, em 1985. Publica em 1984 o volume de poesia ‘Progestos’. É um dos participantes no “1. Encontro Nacional de Performance – Perform’Arte”, realizado em Torres Vedras, 1985, assim como um dos artistas representados na exposição “PO-EX”, organizada e apresentada no Museu de Serralves em 1999. A obra de António Barros objetualiza e espacializa o texto, explorando novas polissemias originadas  pelo cruzamento da textualidade com uma visualidade iconoclasta e irreverente.


Ver tb >

Obras de António Barros da Coleção da Fundação de Serralves

[DeFormar | Escravos | Ismos | Génesis | Poeta PréJudicial + Valor | Revolução]

DeFormar, 1977 • Funchal | Escravos, 1977 • Coimbra [In “Anos 70 Atravessar Fronteiras” Centro Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian] | Ismos, 1977 • Coimbra | Génesis, 1977 • Coimbra | Poeta PréJudicial + Valor, 1977 • Coimbra | Revolução, 1977 • Coimbra