O artista António Barros

Poema de Maria Estela Guedes em diálogo com ‘Vulto Limite’ de António Barros. [Texto. Ligação]


O ARTISTA
António Barros

Dança e pinta com música as paredes de xisto
Os dedos alimentados com tintas de nigredo.
Acende-te o que escreves e o que cantas
Desde as escarpas mais antigas
De Foz Côa ou das grutas de Altamira
Passando por sortilégios  aztecas e incas
E mesopotâmicos e hindus
Na China como na Índia.
Essa fabulosa ilha de Páscoa
Entronizada com os nossos antepassados
Pois todos partilhamos com a Natureza
A primeira célula dividida em várias.

Depois instala, e performa, e
Pratica arte de rua, vídeo e a mail art.
Conhece Vostell em Malpartida,
E Veneza, Madrid, Nova Iorque
Sem esquecer o CAPC em Coimbra
E a Diferença
Em Lisboa, na casa outrora habitada por
Sara Afonso e Mestre Almada
E depois galeria por tantos hermitas frequentada
Como Helena Almeida, Ernesto de Sousa,
Leonel Moura, Jorge Lima Barreto, Irene Buarque,
Monteiro Gil, Pedros Calapez e Proença e Cabrita
Reis que coroa a luz dos astros.

Por fim, chegado o tempo futuro,
Põe ao lume o cadinho  da Vida
E transmuta em ouro a utopia.


[Maria Estela Guedes, Casa dos Banhos, março de 2012]


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