Ciclo “Nas Escritas PO.EX” – Casa da Escrita, Coimbra, 2012-13, comissariado Jorge Pais de Sousa, com texto de apresentação e calendário. [Texto. Ligações]
Apresentação do Comissário, Jorge Pais de Sousa
O experimentalismo na poesia (PO.EX) desenvolve-se na linha de fronteira, ténue e imprecisa, que separa e, ao mesmo tempo, articula o território da poesia concreta e visual, com o de artes tão diferentes como a música, o vídeo, a fotografia, a performance, a escultura e a instalação.
Esta atitude de experimentação e de indagação permanentes, em relação às diferentes linguagens artísticas, constitui uma marca identitária do movimento PO.EX que o singulariza e, em simultâneo, o torna um caso complexo de análise, investigação e divulgação.
O facto de possuir uma identidade múltipla que o não circunscreve ao campo da literatura e suscita, também, abordagens em territórios tão diferentes como o das artes visuais, plásticas e performativas, confere uma riqueza intrínseca a este movimento e, em simultâneo, exige uma abrangência e uma latitude de grande complexidade analítica e de conhecimentos diversos em matéria de hermenêutica e de investigação estética.
A Poesia Experimental é objecto de um estudo sistemático no âmbito dos estudos universitários, desde 2005, com a edição do CD-ROM PO.EX60, e está em curso a constituição de PO.EX70-80 – Arquivo Digital da Literatura Experimental Portuguesa. Foi estabelecida uma parceria entre a Casa da Escrita e este projecto de investigação, que é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, e tem como coordenador Rui Torres.
Porque muitos dos autores a convidar estão representados na Coleção do Museu de Arte Contemporânea de Serralves firmou-se, também, um acordo com o seu ex-Diretor, Dr. João Fernandes, para se poder expor, eventualmente, as obras que integram o seu acervo durante a organização da iniciativa.
A organização do ciclo “Nas Escritas PO.EX”, na Casa da Escrita, convida, todavia, os autores – escritores e artistas – a mostrarem o trabalho que estão a desenvolver no presente e, inclusivamente, pode propiciar-lhes uma residência para a produção. O objectivo geral da iniciativa é o público interessado contactar com o autor e o processo criativo, de forma a interpelar o seu trabalho e dar a ver a sua obra, ao longo de um ciclo de oficinas de criação e de experimentação poiética.
Cada uma destas oficinas conta com a participação de um autor/escritor convidado e é integrada numa sessão, em que a sua trajectória e a obra artística são apresentadas ao público por um especialista por eles designado.
Exposição bibliográfico-documental e iconográfica
A presença/intervenção/residência de cada autor convidado da Casa da Escrita conta com a organização de uma exposição bibliográfico-documental e iconográfica, evocativa da sua trajectória e obra artística, de forma a contextualizar o seu trabalho e a divulgá-lo ao público. Recorre-se, para este efeito, aos acervos documentais da Biblioteca Municipal de Coimbra e da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e, preferencialmente, sempre que os autores/escritores convidados julgarem oportuno e indicado, a materiais inéditos por eles cedidos.
Edição
Um produto fundamental que deve resultar da organização deste ciclo é a edição de um livro, acompanhado de um DVD, com textos e imagens que documentem todas as intervenções que integraram o ciclo “Nas Escritas PO.EX”.
Autores / calendarização do ciclo “Nas Escritas PO.EX”
- E. M. de Melo e Castro (1932)- 3 de Outubro a 2 de Novembro de 2012
- António Barros (1953) – 30 de Novembro a 21 de Dezembro de 2012
- Silvestre Pestana (1949) – 8 de Fevereiro a 1 de Março de 2013
- Jorge Lima Barreto* / Vitor Rua – 12 de Abril a 3 de Março de 2013
- Fernando Aguiar (1956) – 7 a 28 de Junho de 2013
- Manuel Portela – 13 de Setembro a 04 de Outubro de 2013
- Ana Hatherly (TBA)
* Falecido a 9 de Julho de 2011, a jornada Jorge Lima Barreto será dedicada à abordagem da sua obra musical e musicológica.
Materiais Audiovisuais
Peça audiovisual criada pela esectv acerca do ciclo “Nas Escritas PO.EX”, com entrevista ao Comissário, Jorge Pais de Sousa: