Diálogos

Texto de António Barros sobre a sua obra ‘Diálogos’. [Texto. Ligação]


Do grego antigo διάλογος diálogos, “passagem, movimento”, procura uma conversação entre pessoas gerada numa troca de intervenientes.

As disputas sumérias preservadas em cópias a partir do final do terceiro milénio a. C. ilustram, como um género, os diálogos mais antigos surgidos no Médio Oriente e Ásia (no ano de 1433 no Japão).

Volvido o tempo, e hoje numa atmosfera teimosamente euística, os diálogos existentes parecem querer enunciar, numa hiperbolização convulsiva, uma outra conjugação grafada por uma proliferativa malha de marcas sobre o vestuário. Essa ditadura nominal, essa coerção de_enunciada por um novo situacionismo, o de Naomi Klein, assim se insinua, ou não estariamos mais na procura dos desígnios de uma alter-globalização. Toda essa condição onde a função retrovisora do espelho convoca razões do ego. Re_inventado-o.

Aqui uma evocação ainda a Serge III Oldenbourg nas (tão suas) fluxistas convulsões do ego sobre uma superfície polida (a de Lacan no lago) onde a pessoa, o agente, ele, agora, não vê mais o outro, vê-se sobre o outro num não-eu, mas um outro perigosamente de vazio em si. Pleno. Pois “uma vida plena pode ser aquela que alcance uma identificação tão completa com o não-eu que não haja mais um eu para morrer” (Bernard Berenson).

A obra “Diálogos” foi apresentada no MUDAS_Museu, 2017-2018, com anterior estágio no Teatro Alba, na iniciativa: “Dos Modos Nascem Coisas”, 2017. Integra o projecto da Unidade de Interpretação Museológica para as Telecomunicações, Funchal, 2018-2019.


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