Texto de António Barros sobre a sua obra “Razões bastantes para uma cirurgia da mão”. [Texto. Ligação]
“Razões bastantes para uma cirurgia da mão” é uma constelação de textos [textos visuais] que convocam uma leitura particular. E porque resultam como uma pautização que procura conduzir o leitor num jogo de múltiplas teatralizações possíveis. Fonéticas, e explorações sonoras diversas, fazendo resultar o objecto numa mão galvanizadora de uma prática que se define potencialmente performativa.
Aqui não só a poesia (dita na verbalização do texto) poderá fazer-se enunciar, como, e não menos, a imagiologia da palavra é pauta para o canto, e também o devir de toda uma musicalização em contexto.
A coreografia da mão traz também uma narrativa orientadora. Poderá em si fazer nortear o comportamento do leitor. Mas também do actor ou do actuante [em Grotowski] que pretenda formular uma difusão concertada da palavra em convulsivas narrativas que o corpo e o sentido desenhe.
Portanto aqui o texto visual cumpre uma função assumidamente pautizadora de uma dramatização desejada. Um objecto de palco, e para o palco. Palco outro. Mas sem nunca por aí permitir ainda, e sempre, uma legítima leitura convictamente intimista. Uma constelação diversa de oportunidades que o texto visual proporciona, e galvaniza, na arquitectura gráfica em que se faz apresentar nesta moldura cénica tão identitária da sua condição.
“Razões bastantes para uma cirurgia da mão”, a peça, é fórmula e tempo de toda uma “leitura outra” que se pretende aqui fazer comungar, vivenciando. E a isso, a essa vivenciação, convida.
V(l)er tb >