ARTITUDE

G e r A c ç ã o, de António Barros. Objecto-texto urbano, resulta como um elemento simbólico do programa operativo do projecto artístico-sociológico identitariamente definido como ARTITUDE:01 (1981-1985). Cronologia de ARTITUDE:01. [Texto. Ligações]


ARTITUDE é uma outra prática de revista. Conceba-se a noção de revista como o agrupamento de posições e experiências distintas que procuram comunicar com o público. Mas não se fique necessariamente amarrado às páginas de papel com imagens e palavras, páginas que passam sucessivamente, segundo o eixo monótono que os agrafes ou a cola impõem.

Feito isto, estamos a um passo de entender ARTITUDE, uma revista, uma atitude que busca novos suportes, novos materiais significantes, para a produção do seu texto.

O primeiro número, ARTITUDE:0, é de 1981. Um sapato, fronteira entre o corpo e a terra, com páginas palmilhadas.

ARTITUDE:1 aparece em 1982. É uma Revista-Ambiente que revitaliza a experiência anterior. O ambiente embalagem foi a Galeria Diferença, de Lisboa: as suas paredes, o próprio chão e mesmo os trajes dos operadores funcionaram como páginas da revista. O edifício era a primeira sala.

Depois a música-collage, a performance-arte, a escultura viva, a poesia visual, o grafismo e os comportamentos, como os textos.

ARTITUDE:01 – a terceira, de 1983 – foi uma Revista-Operação, no palco do CITAC, tendo Coimbra como invólucro e objecto de reflexão.

“Como posfácio abrimos janela para um outro lado do horizonte que sonhamos menos negro…”

ARTITUDE:01 MM – a quarta, de 1984, uma revista multimédia trabalhada em torno do tema Acquaplanning/algumas meditações sobre a geração do vazio, teve como suporte as margens do rio Minho (IV Bienal de V. N. Cerveira).

“Fahrenheit 451, a temperatura a que um livro se inflama e consome”, diz-nos Ray Bradbury, 21 horas e 15 minutos, a hora a que o crepúsculo já não permite ler os textos poéticos visuais e de gesto plástico que se inscreviam no quarto número da revista ARTITUDE:01, … e que as mulheres-pássaro e os homens-rãs escreveram.” Carlos Oliveira Santos [“Portugal em Revistas”, Jornal de Letras, Artes e Ideias] e Artitude:01, 1984.

ARTITUDE:01 surgiu no início de 1981. Seus principais impulsionadores: António Barros, Rosário Prata, Rui Orfão entre outros ‘operadores estéticos’ radicados em Coimbra.

Sente-se então uma força de plurais interesses por um ideal alternativo muito enraízado nos pensamentos sublinhados pela filosofia do FLUXUS – Movimento internacional onde ainda hoje realçam as obras de Joseph Beuys (ULI/Universidade Livre Internacional, “Conclamação para uma alternativa global”); Wolf Vostell (MVM/Museo Vostell Malpartida); Robert Filliou (Poïpoïdrome), e que em Portugal teve eco numa voz, a mais autorizada: Ernesto de Sousa.

A “Animação Cultural como Obra de Arte” é um gesto formativo que dá ao apologista desta filosofia artística e de vida (Arte=Vida) a sua real condição de artista. ARTITUDE:01, enquanto colectivo, subscreve então estes princípios.

ARTITUDE:01 foi o corpo vivo impulsionador do simpósio: Projectos & Progestos/Tendências Polémicas nas Linguagens Artísticas Contemporâneas, dinamizado no espaço: Teatro Estúdio Citac, Coimbra, de 1981 a 1985.

Usam o suporte experimental de revista e as suas mais vastas concepções para a expressão da sua linha de pensamento e exercício artístico-plástico:

  • 1981 – Publicam ARTITUDE.0/revista objecto (especimen).
  • 1982 – Publicam ARTITUDE:01/revista ambiente (Galeria Diferença, Lisboa).
  • 1983 – Publicam ARTITUDE:01/revista operação (Teatro Estúdio Citac).
  • 1984 – Publicam ARTITUDE:01/revista multimédia (IV Bienal de V. N. Cerveira).
  • 1985 – Publicam ARTITUDE:01/revista comportamento (PERFORMARTE).

Principais estudos publicados: Black=Black/Imagens e Sensações da Personalidade Coimbra; Acquaplanning/Algumas Meditações Sobre a Geração do Vazio; Elementos para um Manifesto Geraccionista; Museu Fluxus Int. & Comp.

Em 1985 compunham a Comunidade Artística ARTITUDE:01 – António Barros, Isabel Carlos, Isabel Pinto, João Torres, José Louro e Rui Orfão. À data, teve o projecto sede na Calçada de Santa Isabel, 29 – 1′, 3000 Coimbra.


Artitude:01_Progestos Visuais Multimedia


1980

Artitude:0

[Formulação do conceito de objecto-revista performativa por: António Barros e Rosário Prata, Coimbra].


1981

Artitude:0/Revista Objecto

“Um sapato, fronteira entre o corpo e a terra, com páginas palmilhadas”, Coimbra.

[cf “Portugal em revistas”, Carlos Oliveira Santos, Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa; “Poemografias”, 1985, Ulmeiro, Lisboa].


1982

Artitude:01/Revista Ambiente

“Elementos para um Manifesto Geraccionista”. (Arte da Performance).

Galeria Diferença, Lisboa [Convite de José Ernesto de Sousa].


1983

Artitude:01/Revista Operação

“Black=Black – Imagens e sensações da personalidade Coimbra”. (Arte da Performance).

Teatro Estúdio Citac, Coimbra.

[cf “Esta danada caixa preta só a murro é que funciona”, Imprensa da Universidade de Coimbra”; Registo fotográfico por Guilherme Silva].


1984

Artitude:01/Revista Multimedia

“Acquaplaning – Algumas meditações sobre a geração do vazio”.

IV Bienal Internacional de Arte de Cerveira. (Arte da Performance).

[cf Catálogo da Bienal; Registo vídeo por Vitor Rua].


1985

Artitude:01/ Revista Comportamento

“Novos Silêncios ou o Elogio da Pantera”.

PerformARTE – 1′ Encontro Nacional de Intervenção e Performance, 13 a 28 de Abril, Torres Vedras. (Arte da Performance).

[cf catálogo PerformARTE, Organização; Cooperativa de Comunicação e Cultura de Torres Vedras].


[In PERFORMARTE, 1 Encontro Nacional de Performance, Torres Vedras, 13-28 abril de 1985]


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