Texto de Sofia Frank sobre apresentação de “Homines Estis – Para um desenho neurológico do dr. Shiro Ishii”, de António Barros. [Texto. Ligação]
– O silêncio tem forma, textura, movimento, som, aroma e cor
– O silêncio tem corpo
Momento, arco, compasso de uma das Paisagens Neurológicas
Se o mundo tantas vezes, sempre vezes demais – fosse apenas uma e seria uma vez a mais – é indiferente à solidão, ao abandono, à angústia, que dizer sobre a postura, compostura, capacidade perceptiva, emotiva para com o sujeito criador?
Esta é senão a única pergunta que se me impõe, pelo menos a mais importante, para a qual me reservo o direito de responder no silêncio desenhado pelas seguintes propostas de reflexão expressas nesse momento de paisagem neurológica:
Estará a arte morta?
Obrigatoriamente a resposta terá que se fazer cumprir por absoluta negação ou agonia. Enquanto subsistir a espécie humana, a arte será componente integrante da vida, do mundo e constitui-lo-á ad aeternum, em espiral transformacional de evolução e involução, consoante a dinâmica aplicada.
Todavia, estará o artista enfermo ou lançado ao ostracismo?
Estará o ser humano “normal” esquizofrenicamente autista ou apenas deliberadamente desatento ao artista?
E porque só – e não somente – o criador, o artista tem a elevação de simultaneamente nos intrigar, instigar, provocar, perturbar e deleitar como o fez António Barros, “vós sois humanos” [“Homines Estis”] surge só, em silêncio artoral, em presença hurlante na ausência do ser, seu autor, criador, artor, só, nessa digna e comprometida artitude de abraçar-embrasser a vida.
V(l)er tb >