Texto de Diana Pimentel sobre as invenções literárias de António Aragão. [Texto. pdf]
PIMENTEL, D. (2014). António Aragão: A curva, o ecrã, a arte da carta. In: TORRES, R. (Org.). Poesia Experimental Portuguesa: Contextos, Ensaios, Entrevistas, Metodologias. Porto: Edições UFP, p. 129-136. ISBN 978-989-643-121-1. Disponível em < https://po-ex.net/taxonomia/transtextualidades/metatextualidades-alografas/poesia-experimental-portuguesa-contextos-ensaios-entrevistas-metodologias >.
In > Poesia Experimental Portuguesa. Porto, Ed. UFP.
Excerto da Introdução > Aceite-se que “quando se fala hoje em Poesia Experimental ainda não é fácil saber ao certo a que se refere essa formulação” (Mendes de Sousa e Ribeiro, 2004: 15). A incerteza – programática, periodológica, terminológica, ou outra – afecta inevitavelmente o ensaísta, na medida em que “é esta uma questão que se coloca simetricamente ao leitor comum, a quem mais ou menos atrai ou intriga aquela aparente contradição nos termos” (Mendes de Sousa e Ribeiro, 2004: 15). Aceito a instabilidade e experimento (ensaio) aqui ler três ‘artefactos’ assinados por António Aragão, que me parecem poder corresponder-se, respectivamente, com as ideias de ‘imagetext’, de hipertexto e de mail-art: uma folha [“olha a imortalidade que záz”], um poema “No Ecrã” e “Telegramando”. Inverto a cronologia da sua ‘revelação’ (de 1967 para 1965) precisamente pelo facto de me interessar notar o modo como aqueles ‘objectos’ parecem projectar-se no futuro, tal como se de um filme se tratasse. Observo, portanto, em sentido inverso, da tela para a película, dentro da bobine. Este movimento de olhar retroactivamente os ‘artefactos’ escolhidos pretende, em certo sentido, dar a ver o modo como cada um deles, em suporte estático, previu este nosso presente de ‘palavras-como-imagens’ (‘imagetext’), atadas umas a outras (hipertexto), em ecrãs de computador, animadas como-se-em-cinema, em permanente reescrita e reenvio (mail-art), mecanismos agora accionados com o concurso da electricidade (electrónicos), mas – como ‘invenções’ literárias – engendrados num anterior momento que dela claramente prescindia.
Ligação permanente > POEX_ebook2014_dpimentel_129-136.pdf