812º aniversário da cidade da Guarda

Trabalho tipográfico de Jorge dos Reis a partir de poema de João Patrício, incluído nas celebrações do 812º aniversário da cidade da Guarda.


Realizado para espectáculo original intitulado “Tão perto do puro azul do céu”, 26 e 27 de Novembro de 2011, produção do Teatro Municipal da Guarda, coordenação e encenação de Américo Rodrigues, selecção de textos de António Godinho Gil. Celebrações do 812º aniversário da cidade da Guarda.


Interpretação tipográfica de Jorge dos Reis >


Poema de João Patrício >

A minha terra

Dá-me a tua mão,
E vem daí,
Viajante,
Visitar a terra,
Vigilante,
Onde nasci,
Alcandorada,
Ali,
Nas agrestes penedias,
Para as bandas
Das altas serranias.
Dizem que é forte.
Tão forte,
Que desafia a morte.
Dizem que é fria.
Tão fria,
Que a neve a alumia.
Dizem que é farta.
Tão farta,
Que o seu pão
Alimenta a boca
E o coração.
Vem daí,
Viajante,
Vem comigo
Visitar a velha cidade.
Vem ver os lugares
Da minha infância,
Da minha mocidade.
Olha, além,
As casas
Que foram de meus avós
E de meus pais!
E agora para ali estão sós,
A recordarem-se de mim
– A ouvirem os meus ais.
Vem, viajante,
Vem ver
O meu amor constante,
Aquela
Que se chama Guarda
E que, fora dela,
Me guarda a saudade,
Que me consome,
Da minha mocidade…

[João Patrício, em O Poeta e o Mundo, Poemas, Coimbra, 1979]


[Agradecemos a Jorge dos Reis a autorização que permitiu disponibilizar esta obra do autor no Arquivo Digital da PO.EX]