Texto-Espaço [Instalação, Performance, Poesia Espacial]

[ Retroescavadora ]

Colectivo Retroescavadora – Intervenção performativa, com Nuno M Cardoso (voz e acção/manipulação/gesto), Luís Aly (som), Luís Grifu (ambientes, programação de interacções), Rui Torres (roteiro), Nuno Ferreira e Ana Carvalho.


Vídeo da intervenção >

N.B.: este vídeo não foi ainda editado, constituindo o registo bruto de uma das câmaras. Na perspectiva desta câmara, não é possível ver o performer, mas apenas o resultado visual e sonoro daquilo que foi feito. Toma!


Ligando a performance, que entendemos como forma de poesia baseada na acção multidisciplinar ao vivo, alargando desse modo o campo poético à expressividade do corpo e do contexto social e espacial da manifestação, com a poesia espacial, forma de poesia baseada em processos de intersemiose nos quais se invocam e usam de um modo expressivo vários sistemas de signos (visuais, sonoros, verbais, cinéticos, performativos) e de materialidades (tridimensionais, objectuais, mediáticas), propomos um ecosistema multimodal para performance ao vivo, integrando, no caso do vídeo em cima, poemas experimentais portugueses, mas preparado, agora, para utilizar novos textos. Tivemos para o efeito, em consideração, a exposição colectiva Visopoemas, assim como o Concerto e Audição Pictórica na celebração dos seus 50 ANOS: a história da performance art em Portugal cruza-se com o aparecimento das primeiras manifestações da poesia experimental.


Possível justificação e descrição do acontecimento >

0. Introdução > O aparecimento das grafias técnicas (foto-, fono-, kineto-) torna obsoletos a linha e o verso, motivando a constelação e a colagem. O surgimento do vídeo e do computador , Visualismo e Fluxus entendem a página e a tela como problema, projectando o texto no espaço, no acontecimento, pela intermedialidade. Com os ambientes imersivos de simulação, a Arte Digital entende o écrã, a colagem (naturalizada) e a convergência (remistura simples) como constrangimento, propondo a remistura profunda dos meios. Nascemos para um novo ambiente de conhecimento. Gatinhando, à procura de um novo palavrar, de um novo povo liberto.  Material base da intervenção baseado no mesmo léxico minimal repetitivo usado pelos pioneiros que convocamos:  Abílio-José Santos, António Aragão, António Barros, António Nelos, Antero de Alda, César Figueiredo, E. M. de Melo e Castro, Silvestre Pestana.

1. SOPRO VOZ > Porquê: Oralidade. Matéria disforme. O Vago. Aprender. Do pó cósmico: a palavra dita como matéria acústica, a palavra escrita como imagem. Como: < PURE DATA > Material sonoro (letras): v, p, o, a, p, n. Voz ao vivo. Preparação do “tapete” sonoro. Sopros/vozes geram partículas visuais e sons. Microorganismos que se relacionam no espaço-tempo. Performer manipula aspectos sonoros resultando numa alteração de comportamento dos organismos gráficos que ajudam a construir o ambiente sonoro. O quê: fonemas de ave, vôo, ovo, povo, novo (Abílio-José Santos, António Aragão, António Barros, Silvestre Pestana)

2. VOZ ESCRITA IMAGEM > Porquê: Do fonema à palavra. Escrita. Construção da representação gráfica. A ameaça do texto. Destruir o objecto para construir o poema. Lavrar a nova palavra. Como: < UNITY > Palavas a criar com letras (gestos). Manipular texto e imagem-texto. O quê: 1. ovo ave voo voa (Abílio-José Santos); 2. revolução, evolução, s – resolução, solução, e – revelação (Abílio-José Santos, António Barros); 3. Painéis 3D; superfícies com electrografias (António Nelos, César Figueiredo e António Aragão).

3. INTERLÚDIO – UM GUARDA-CHUVA! > Porquê: A ameaça do texto. Como: < UNITY > Manipulção (gestos) de guarda-chuva onde caem letras, associadas a acontecimentos sonoros: d, i, t, a, o, r, m, n, e, u. Voz: pré-gravada. O quê: Poema do guarda-chuva (M. Almeida e Sousa, Antero de Alda); Fonemas das palavras: ditador, dita, dor, ordem, ordenador, ordena, dor, ordem, ditadura  (Abílio-José Santos, António Barros)

3. ESCRITA TEXTO > Porquê: Da palavra ao texto. Elegias minimais repetitivas. Destruir o objecto para construir o poema. Como: < EMOTION > Gestos manipulam blocos de texto repetitivo. Manipulação/destruição do texto apresentado em colunas, dispersas e cruzadas no espaço 3D. O quê: 1. ditador, dita, dor, ordem, ordenador, ordena, dor, ordem, ditadura (Abílio-José Santos, António Barros); 2. pobreza, pobre reza (António Barros); 3. lavra, lavra, palavra (António Barros); 4. povo ovo novo ave voa dor (Abílio-José Santos, António Aragão, António Barros, Silvestre Pestana); 5. outras terras outras gentes (E. M. de Melo e Castro)

4. TEXTO ESCRITO: O TEXTO VOLTA > Porquê: O corpo formado: o corpo como suporte. Motivação: invocar, desobedecer. O texto revolta. Como: Webcam/Quartz. Manipulação de imagens de letras e poemas revelando-as como entidade tridimensionais. Possível participação do público. O quê: Trabalho-Liberdade (Abílio-José Santos); Lástima (António Barros); Vulcânico PaLavrador (António Barros).


Poster «Common Spaces: Multimodal Digital Ecosystem for Live Performance» apresentado a 28 MAIO 2015 na 1st Joint Conference and Exhibition. Fostering Science & Innovation Ecosystems: Portugal-USA. Palácio Foz, Lisboa, Portugal, por Luís Leite, Rui Torres e Luís Aly.


Textos usados como húmus para desenvolvimento de letras e palavras 3D a distribuir pelo ambiente de interacção >


António Barros, Revolução

resolução
revolução
revelação
evolução
solução


Abílio-José Santos, Inéditos concretos; Lidança; Trabalho/liberdade

dita
dor
dita
ordem
ordenador
ordena
dor
ordem
na
dor
ditador
ave
vôo
ovo
voa
trabalho
liberdade


António Barros, Lástima

pobreza
pobre
reza
lavra
palavra
lava
ditadura
dura
dita
dia
sem
voz
os
avós
vós
zoo
povo
voa
voador
povoador
voo


E. M. de Melo e Castro, Ideogramas (cf. Américo Rodrigues, Visão Visual Vocal)

outras
terras
outras
gentes
mesmas


Silvestre Pestana, Computer poetry

Povo
ovo
novo
no


António Aragão, Metanemas


Antero de Alda, Poema do guarda-chuva aberto


António Nelos, Liberté, egalité, fraternité


César Figueiredo, Esferas; Explosion poem; From the Office; A Dry Story


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