Ícone do seu tempo

Texto de António Barros acerca de Escravos. [Texto]


[ESCRAVOS], Coimbra, 1977 | Tinta plástica sobre tecido ; 150x50cm | Texto explicativo.


Esta criação começou por ser produzida para uma acção de trabalho no CAP, Círculo de Artes Plásticas, em Coimbra, a 25 de Abril de 1977. Foi mais tarde a peça premiada no “Concurso Nacional de Poesia 10 Anos do 25 de Abril”, iniciativa da A25A, onde integraram o júri Sophia de Mello Breyner Andresen, David Mourão-Ferreira. José Carlos de Vasconcelos, Manuel Alegre, Vitor Crespo e Urbano Tavares Rodrigues.

No acto de atribuição das menções, teve a poesia classificada, leitura pública por Eunice Muñoz e Mário Viegas que, fazendo questão em abrir a sessão com apresentação do texto “Escravos”, revelou o actor, manter sobre o espelho do seu camarim uma reprodução do poema.

Os textos contemplados foram mais tarde publicados pelo poeta Egito Gonçalves no contexto editorial da cidade do Porto.

Reproduções do texto estão publicados em diversas revistas, jornais e antologias nacionais e estangeiras do domínio da Poesia Experimental e do também denominado “Visualismo Português dos anos 60 – 80”.

“Escravos” foi ainda objecto de estudo em dissertações apresentadas em múltiplas universidades, tendo sido considerado o texto, exemplo ilustrativo das teorizações formuladas por Siegfried J. Schmidt [Alberto Pimenta em “O Silêncio dos Poetas”, Edições Cotovia].

O trabalho teve a primeira apresentação pública na Galeria Diferença, 1978, parte integrante de uma mostra realizada a convite de José Ernesto de Sousa. Teve a colecção posterior apresentação no CAPC em Coimbra, em 1979, exposição que ao ser visitada por Wolf Vostell, foi o texto objeto de interesse e de uma leitura sociológica pelo artista alemão, esse impulsionador internacional das artes do happening que criou o Museo Fluxus Malpartida, em Cáceres. Aí juntou à obra de Joan Brossa testemunhos da Poesia Experimental Portuguesa fabricada por António Barros em Coimbra e Cáceres.

Registo do poema foi publicado em “Poesia de La (E)Vidência”; na Revista luso-galega “Espaço/Espacio Escrito”, direcção de Angel Campos Pámpano, 1995,em Espanha.

Foi o texto também editado a nível internacional pelo poeta experimental Julien Blaine, em França, na Revista Doc(k)s, publicada no âmbito dos III Rencontres Internationales de Poésie Contemporaine de Cogolin, em 1986, onde foi analisado por Lawrence Ferlinghetti, pioneiro do movimento Beat Generation na área da poesia.

Foi também apresentado na Universidade de Bolonha, Facoltà de Scienze Politiche – Palazzo Hercolani, 1989, no âmbito da iniciativa “Concreta, Experimental, Visual, Poesia Portuguesa,1959-1989”.

“Escravos”, enquanto experiência semântica inscreve-se na matéria de análise da dissertação do investigador Jorge Bacelar para a Universidade da Beira Interior,2001.

Carlos Mendes de Sousa e Eunice Ribeiro, investigadores, docentes da Universidade do Minho, estudaram também o texto que publicaram na “Antologia da Poesia Experimental Portuguesa, Anos 60 – Anos 80”, uma edição da Angelus Novus, 2004, em Coimbra.

Surgindo como um ícone do seu tempo, este trabalho foi ainda objecto de afirmação apresentado em circunstâncias múltiplas, desde a capa de uma Antologia de Poesia Portuguesa “Poemas de Abril” editada pela “Bonifrates”, e também na revista “Fenda”, publicações de Coimbra dos anos 70, como mesmo em estrutura cenográfica no teatro de intervenção em Lisboa, ou mesmo capa de jornal anunciando o início dos massacres no Afeganistão.
“Escravos” foi mais recentemente objecto de estudo na Dissertação do investigador António Preto para a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto sobre a “Poesia Experimental Portuguesa, Anos 60 – Anos 80”, 2007.

No número temático “Silêncio”, da revista Big Ode#6, Lisboa, 2008, encontramos a edição da versão inédita de uma revisitação ao texto pelo autor 30 anos depois. É uma leitura memento mori do País presente num “olhar em negro” a partir de Coimbra,

“Escravos”, um dos trabalhos mais publicados da produção artística do “Visualismo Português”, integra ainda o livro, neste momento em fase de preparação: “Uma Luva na Língua”, e onde participam com leituras sobre a obra, entre outros, José Tolentino Mendonça, Ernesto Melo e Castro, João Fernandes, João Sousa Cardoso, António Preto, Isabel Santa Clara, Sónia Pina, Jorge Pais de Sousa, António Pedro Pita, Manuel Portela, Rui Torres, João Mendes Ribeiro, Giancarlo Cavallo, Ana Luisa Barão, Celeste Cerqueira, Cidália Fachada, Telmo Verdelho e Augusta Vilalobos. O crítico italiano Cavallo formulou uma análise sobre o percurso do autor onde se inscreve “Escravos”, publicado em “Mappe dell’ Imaginário – Poesia Visuale Portoghese”, Ed. Il Campo, Cava dei Tirreni, Itália, 1987.


“Escravos”

Edição de duas unidades >

#1. Colecção : Museo Vostell Malpartida, Cáceres, Espanha.

#2. Colecção da Fundação Serralves, Porto (parte integrante de um conjunto de 15 obras do mesmo autor).


Ver tb >