Texto de António Barros sobre ARTITUDE, revista, atitude em busca de novos suportes e novos materiais significantes para a produção do seu texto.
“ARTITUDE é uma outra prática de revista. Conceba-se a noção de revista como o agrupamento de posições e experiências distintas que procuram comunicar com um público. Mas não se fique necessariamente amarrado às páginas de papel com imagens e palavras, páginas que passam sucessivamente, segundo o eixo monótono que os agrafes ou a cola impõem. Feito isto, estamos a um passo de entender ARTITUDE, uma revista, uma atitude que busca novos suportes, novos materiais significantes, para a produção do seu texto. O primeiro número, ARTITUDE:0, é de 1981. Um sapato, fronteira entre o corpo e a terra, com páginas palmilhadas” [Carlos Oliveira Santos, “Portugal em Revistas”, Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa].
ARTITUDE:01, titulação de convergência, marca nominal das várias edições geradas, foi detonador de diferentes experienciações artísticas – desde a exploração da revista e do livro habitado, ao objecto-livro, e ao que as suas potenciais performatividades permitem e convocam -, como mesmo a dinâmica do estudo e a investigação partilhada, onde o simpósio Projectos & Progestos resultou como exemplo de referência no seu tempo, colocando a cidade de Coimbra como sinal de excelência nos desígnios de uma Capital Nacional das Artes Performativas.
Tributário de uma política cultural de convergências, dinamizou sinergias múltiplas entre as comunidades artísticas do CAPC (Círculo de Artes Plásticas da Academia de Coimbra) e a do Teatro Estúdio (CITAC) – tipologicamente dois organismos culturais da Universidade de Coimbra.
ARTITUDE:01, criado por António Barros, integrou ainda no seu corpo activo Isabel Carlos, Rui Orfão, Isabel Pinto, João Torres e José Louro, colectivo que com as suas publicações multimodo, conjugando disciplinas plurais e diferentes media, fizeram apresentar os seus textos vivos na Galeria Diferença, em Lisboa, 1982, a convite de Ernesto de Sousa; no simpósio Projectos & Progestos, TeCITAC, Universidade de Coimbra; como ainda na IV Bienal Internacional de Arte, Cerveira, 1984; “Apokatastasis” no CAPC, Círculo de Artes Plásticas de Coimbra e no Performarte-1′ Encontro Nacional de Performance, 1985.
[Foto de Guilherme Silva, Artitude:01, em “Aquaplaning”, Rio Minho, Cerveira, 1984].