Estou Vivo e Escrevo Sol

Poemas digitais de Rui Torres, através de António Ramos Rosa, com palavras corpos silêncios e sombras. [Ligação. Script. Imagens]


txt, pdf, xml: Rui Torres; js: Nuno Ferreira; vox: Nuno M Cardoso; snd: Luís Aly. criado por Rui Torres @ Berkeley/Bremen/Barcelona/Porto, 2016. Base dos poemas: 111 poemas, 2350 versos, 17500 palavras de António Ramos Rosa.


Ligação > http://www.telepoesis.net/estou-vivo-e-escrevo-sol


Imagens (capturas de tela) de alguns momentos da combinatória (aleatória) [Uma entre quase infinitas possibilidades] >

I. a escrita dos silêncios claros, / acariciando lentamente as pedras, / dorme, e nos corpos inabordáveis / acena. / é o suave clamor / dos líquidos vogais, / dos pulmões em sossego.

II. aqui o teu silêncio arde, / é universo em elementar efusão. / que são as palavras? / escrever é construir redes, / e o vento e a luz são / essa circulação solar / onde se espraiam as folhagens giratórias.

III. um grito ou um silêncio, / uma sombra obstinada / onde tudo permanece imóvel. / na iminência do abismo, / terrestre ou divino, / a fremente germinação: / a água.

IV. as palavras sucedem-se / como vagarosos limbos, / como tinta. / as palavras não compensam, / não regressam, / são uma lenta reverência, / olhando a água iluminada.

V. são as mulheres, / no seu vagaroso veludo, / onde a chuva jorra. / e as palavras, / através das palavras, / no caminho das palavras, / abrindo a noite.

VI. e o que é uma galáxia inviolável? / é o amor e é o ar, / cavalo varado abrindo a noite, / irrompendo pelas habitações perdidas, / como a espuma finíssima da tua garganta verde: / da tua lucidez, / do teu fogo.

VII. respira-me: / silenciando a tua nudez / no rumor ofuscante / e na pálpebra azul da eternidade. / de peito aberto: / ede de sal / e de lentos rumores.