Brin cadeiras de Salette Tavares publicadas no primeiro número da revista ‘Poesia Experimental’. [Imagens. Ligação]
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Poesia Experimental Portuguesa
Natural de Moçambique, Salette Tavares (1922-1994) licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Lisboa e bolseira da Fundação Gulbenkian para estudar com Mikel Dufrenne, Étienne Souriau e Gillo Dorfles. Leccionou Estética na Sociedade Nacional de Belas Artes e no AR.CO (Centro de Arte e Comunicação Visual).
A sua formação filosófica levou-a ao desenvolvimento de estudos no âmbito da Estética. Autora de uma obra com uma apurada consciência do sentido lúdico da linguagem, a sua produção literária articula-se frequentemente com uma variedade de materiais e cruza distintas práticas semióticas. As obras de Salette Tavares são frequentemente constituídas a partir do mote do jogo, sendo o ato criativo equiparado ao ato de brincar, ideia que a autora desenvolve também em breves mas poderosos ensaios. A preocupação com a dimensão material da palavra resulta numa obra em que encontramos um alargado número de técnicas (tipografia, serigrafia, gravação) e materiais (madeira, cerâmica, cristal, alumínio, tapeçaria), ao que se soma uma igualmente frequente inquietação com a dimensão sonora da linguagem. Em vários dos seus trabalhos descobrimos uma pulsão para a transformação do quotidiano em experiência poética, nomeadamente nas suas séries de instalações e objetos, verbais e não verbais, mas tal tem lugar sobretudo nos poemas que desenvolve como tributo aos objetos banais que temos em casa. Extemporânea na antecipação de uma vaga de visualidade para a poesia portuguesa, podemos encontrar nos seus primeiros livros de poesia um conjunto de pistas para as explorações que, a partir da década de 60, marcariam alguns dos caminhos expressivos da Poesia Experimental Portuguesa. A exploração tipográfica da palavra e a experimentação topológica da página ou do espaço expositivo marcam toda a sua obra, inclusive aqueles trabalhos que à primeira vista poderiam ser considerados como estando mais próximos da linearidade do verso ou ser afins da tradição do lirismo poético – que a autora reinventa de forma renovada.
Obras principais > Participou nos primeiros cadernos da Poesia experimental (1964, 1966). Realizou happenings na Galeria Divulgação em 1963/4 (Ode á crítica), na Galeria Quadrante, na SNBA (Exposição Kitch), e no AR.CO (Sou Toura Petra). Em 1979, apresentou uma exposição retrospectiva intitulada Brincar, na Galeria Quadrum. O Centro de Arte Moderna da Gulbenkian expôs a sua obra em Salette Tavares: Poesia Espacial (2014). É autora, entre outros, de Espelho cego (1957), Concerto em Mi Maior para clarinete e bateria (1964), 14563 letras de Pedro Sete (1965), Quadrada (1967), Lex Icon (1971), Obra poética 1957-1971 (1992) e Poesia gráfica (1995), além de vários objectos de poesia espacial.
[Biografia escrita por Rui Torres e Bruno Ministro]
Leia tb versão ilustrada e detalhada > Salette Tavares – Desalinho das linhas.
Brin cadeiras de Salette Tavares publicadas no primeiro número da revista ‘Poesia Experimental’. [Imagens. Ligação]
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